Tricolor domina o The Strongest e faz a festa da torcida em volta à competição após 36 anos
Não dá para dizer que a torcida do Bahia comemora carnaval antecipado porque Salvador já respira a folia momesca há muitos dias. Mas os tricolores terão fôlego de sobra para pular atrás dos trios porque o Esquadrão entregou uma noite especial e digna da Conmebol Libertadores, na última terça-feira. Uma volta em grande estilo após 36 anos.
A equipe de Rogério Ceni soube controlar o nervosismo na primeira etapa, abriu o placar de pênalti e contou com expulsão adversária para crescer no segundo tempo e se classificar à próxima fase com resultado positivo de 3 a 0, pelo jogo de volta da segunda fase prévia da competição.
Nervos à flor da pele
Rogério Ceni mandou a campo o Tricolor com apenas uma mudança em relação ao time que empatou na Bolívia. Em vez do lateral-direito Gilberto, escalou o lateral-esquerdo Juba e manteve a trinca de zagueiros formada por Gabriel Xavier, Kanu e Ramos Mingo.
Na fase defensiva, Gabriel Xavier marcou como lateral direito. Nos momentos de ataque, o trio de zagueiros fez uma linha, enquanto Juba virou mais uma peça do meio-campo para organizar as jogadas, algo que tem acontecido constantemente neste início de temporada.
Mas o posicionamento tático que deveria trazer ganho criativo, de início, não fez tanto efeito. O Bahia teve dificuldade para se livrar da marcação com três atacantes do The Strongest e, muitas vezes, precisou contar com chutões de Marcos Felipe.
Além disso, muitos jogadores, em clara demonstração de ansiedade por causa da importância do jogo, erraram es simples nos minutos iniciais. Também sofreram com a catimba e faltas do adversário. A primeira boa finalização tricolor só saiu aos 15 minutos, de Lucho Rodríguez, em tentativa de fora da área para defesa de Banegas.

Saída de bola do Bahia diante de forte marcação do The Strongest — Foto: Tiago Lemos
Entre erros e acertos, o Bahia encontrou espaço pela direita aos 27 minutos com cruzamento de Caio Alexandre, que havia ocupado a região na movimentação tricolor. Ademir perdeu chance na pequena área após toque de cabeça de Jean Lucas no rebote da jogada.
Aos 37 minutos, depois de nova demora para criar alguma jogada de ataque, a bola parada do Bahia serviu para gerar um pênalti. Após cobrança de escanteio, Juba pegou o rebote e cruzou mal, mas Jean Lucas brigou pelo lance e foi derrubado na área. Lucho bateu no meio do gol e abriu o placar.
Apesar de ter feito um primeiro tempo tecnicamente ruim, o Bahia brigou por cada bola para impedir que o The Strongest sobressaísse na parte física. O lance do pênalti foi um exemplo dessa intensidade tricolor, algo fundamental em jogos de Libertadores.
Antes da primeira etapa terminar, o forte jogo corpo a corpo do time boliviano resultou em expulsão de Jusino, que havia cometido falta dura em Lucho Rodríguez. Estava aberto o caminho para a festa tricolor.

Time à vontade garante gritos de olé”
Com um jogador a mais na volta para o segundo tempo, Rogério Ceni tirou o zagueiro Kanu, que já tinha cartão amarelo, e colocou o lateral-direito Gilberto em campo. Estruturalmente, nada mudou, mas a saída de bola ganhou qualidade.
Mas foi na marcação pressão no campo de ataque que o Bahia ampliou, aos dois minutos, quando Erick Pulga fez boa leitura de e adversário, roubou a bola e tocou para Ademir dominar e chutar de direita da grande área. Um gol que trouxe tranquilidade em um jogo que havia se demonstrado muito difícil nos 40 minutos iniciais.
Aos 17, com o adversário mais exposto, o Bahia aproveitou contra-ataque para confirmar a classificação. Pulga lançou boa bola para Ademir, que finalizou com categoria no canto direito de Banegas.

Bahia x The Strongest — Foto: Rafael Rodrigues / EC Bahia
Com vantagem confortável, Ceni trocou Pulga e Everton Ribeiro por Cauly e Michel Araújo. Depois, ainda promoveu as entradas de Kayky e Willian José nos lugares de Ademir e Ademir e Lucho Rodríguez. Neste momento do jogo, a folia das arquibancadas teve direito a gritos de “olé” em muitas situações.
Ao fim do jogo, mais de 45 mil tricolores voltaram para casa com o sabor especial de um jogo empolgante de Libertadores, muitos deles estreantes, como a jovem Mirelle, de 13 anos, filha de Miro Bahia, de 53 anos, que havia sentido o gosto da competição continental pela última vez em 1989. O torcedor só errou o placar, mas a vantagem superior não o deixou triste.
Miro Bahia, 53 anos, esteve na Fonte Nova na Libertadores de 1989 e volta agora com sua filha Mirelle, de 13 anos, que verá o Tricolor pela primeira vez na competição. "Momento único hoje. Vai ser 2 a 0 para o Bahia", diz o torcedor #trfonte pic.twitter.com/rnmjgxjm5w
— Tiago Lemos (@tiagoleemos) February 25, 2025
Rogério Ceni agora aguarda agora o vencedor de Boston River x Ñublense para jogar a terceira fase prévia da Libertadores (segunda partida está marcada para esta quarta). Neste sábado, porém, o foco é outro, uma vez que o Bahia joga pelo jogo de ida das semifinais do Campeonato Baiano, contra o Jacuipense, na Casa de Apostas Arena Fonte Nova, às 16h (horário de Brasília).
Por Tiago Lemos – ge.globo.com – Salvador